A   L à  A R T E S A N A L

De todas as matérias primas utilizadas na tecelagem manual, a lã apresenta as maiores qualidades do ponto de vista têxtil. Pode ser misturada com outras fibras, possibilitando a elaboração de tapetes, peças de vestuário e tapeçarias para decoração.

A lã possui uma estrutura que facilita a fiação, quando se deseja juntar vários pelos, para a obtenção de um fio contínuo. Outra vantagem é a grande elasticidade, da ordem de 30 %, sem deformação do pelo, o que impede que as fibras, mesmo quando muito finas, arrebentem ao serem esticadas na fiação. A facilidade de fixação de corantes químicos ou naturais, durante o processo de tingimento, é outra das vantagens apresentadas por esta fibra. Nos links abaixo acesse as várias etapas de tratamento com a lã bruta até sua fiação e tingimento.

A   T O S Q U I A 

De acordo com a raça da ovelha, obtém-se fibras de diferentes comprimentos.

A lã é extraída das ovelhas, por um processo denominado de tosquia, que nada mais é do que um “corte de cabelo” do animal. A operação é geralmente realizada duas vezes ao ano, podendo-se obter de 0,5 a 1 kg de lã por ano, por animal, dependendo da raça do mesmo.

A qualidade da fibra varia, conforme se extraída de um animal morto ou vivo. A lã “morta”ou “de pelego”, obtida por processos químicos ou mecânicos, é mais dura e quebradiça do que a lã “viva” ou “de velo”, extraída por tosquia manual. Na seqüência de fotos, o processo de retirada da lã do animal e o velo resultante. De acordo com a raça da ovelha, obtém-se fibras de diferentes comprimentos.

A Tosquia

O velo

L I M P E Z A   E   S E L E Ç Ã O 

A lã geralmente chega nas tecedeiras em estado bruto, sendo necessária as seguintes operações antes da fiação:

  • Seleção manual, ou triagem, para separar a lã de acordo com sua qualidade; pois mesmo a lã de uma única ovelha não é homogênea. A melhor qualidade, vem dos flancos do animal. A lã das espaduas, do pescoço e do dorso já é de qualidade inferior; enquanto que a dos quadris, das pernas e da barriga é muito embaraçada e suja. As vezes é necessário jogar fora parte da mesma, por estar muito encaroçada e suja.
  • Outro processo de seleção é a cor, já que pode ser encontrada em vários matizes de marrom e bege, e variar ainda do branco ao preto.
  • Lavagem, com água e sabão em água morna, para retirada da gordura (lanolina) existente. Deve-se ter o cuidado de não ferver a lã, pois ela corre o risco de “feltrar”.
  • Limpeza, depois de seca, costuma-se abrir a lã com os dedos. Este processo serve para dar uma desembaraçada nas fibras e eliminar impurezas.

Nas imagens, velo de lã preta e branca, sujas e limpas e o processo de limpeza manual.

Lã Branca Bruta

Lã Branca Limpa

Lã Preta Bruta

Lã Preta Limpa

Após lavada, a lã é manualmente limpar e aberta, pronta para cardar

A   C A R D A G E M 

Ao cardar, completa-se o destrinçamento das fibras e, posteriormente sua limpeza. Desfazendo-se nós e limpando ainda mais as fibras retirando o restante das impurezas, a cardagem permite que se forme uma fita ou pasta homogênea própria para ser fiada.

Existem dois processos: o manual e o elétrico. Para cardar manualmente , emprega-se duas escovas com fios de aço, denominadas “cardas”, que penteiam a lã, eliminando todos os nós, destrinçando-a e deixando-a pronta para ser fiada. ( algodão, lã e paina são cardados através da mesma técnica).

Para agilizar o processo, pode-se utilizar uma cardadeira (manual ou elétrica), que constituem de dois tambores rotativos revestidos com fios de aço, que executam o mesmo trabalho das cardas manuais, mas com maior rapidez.

No processo manual , as duas cardas são movimentadas em sentidos opostos para provocar o destrinçamento das fibras e deixar a lã pronta para ser fiada. Veja nas imagens a sequencia da esquerda para a direita, de cima para baixo.

No processo elétrico, com o uso da cardadeira, obtém-se ràpidamente uma “manta” de lã, pronta para ser fiada. Veja as imagens.

Colocando a lã na cardadeira

Retirando a manta

Retirando a manta

Lã cardada

A   F I A Ç Ã O

A fiação, consiste na transformação da manta ou pasta em fio, através do retorcimento e alongamento das fibras. A torção confere ao fio, resistência à tração, pois faz com que as fibras se apertem uma contra as outras. Uma vez fiados, os fios vão sendo enrolados em novelos. A fiação pode ser feita através de uma roca, que pode ser manual ou elétrica.

Roca Manual

Roca Elétrica

No processo de fiação, pode-se obter um fio fino ou grosso, dependendo do manejo das mantas ao passar pela roca. Quando o carretel da roca estiver cheio, o fio produzido é retirado, fazendo-se novelos. Estes novelos podem ser transformados em meadas, caso forem tingidos posteriormente.

O   T I N G I M E N T O

O tingimento é um processo opcional, pois muitas vezes utiliza-se a lã em suas cores naturais – branco, marrom, bege e preta. Neste processo, podem ser utilizados corantes químicos ou naturais, como fôlhas e flores, obtendo-se uma gama muito grande de cores.

Para a lã ser tingida, é necessário que os novelos sejam transformados em meadas. Para isto, utiliza-se um equipamento denominado “Meadeira” ou “Dobadeira”. Prende-se a extremidade do novelo em um dos pinos da meadeira e, girando-a, obtemos uma meada.

A meadeira tanto é utilizada para a obtenção de meadas a partir de novelos, como para a obtenção de novelos a partir de meadas (após estas terem sido tingidas).

M A T E R I A L   D I D Á T I C O

Para aprender sobre Fiação e Tingimento foi editados um CD, cujo material atualmente está disponível na nuvem. Para adquirir mais informações entre em contato com aklippel@gmail.com